PREPARAR, COZER E TEMPERAR

              Na correria dos nossos dias, todo tempo do mundo parece ser insuficiente para tantos afazeres, nem bem acordamos e já estamos atrasados para algo incerto. Nos despertamos conectados, preocupados e fatigados. Em meio a tantas exigências, é impossível dar atenção a quem quer que seja, então, abreviamos os diálogos, apequenamos as narrativas e ignoramos as necessidades emocionais dos mais próximos. Nos esquecemos até de nós mesmos. Buscamos dar vazão a uma ansiedade desenfreada que nos impele para uma rotina sem fim, sem sentido e sem qualquer outro propósito que não seja alimentar a própria agonia de estar perdendo alguma coisa. Em um contexto assim, não há espaço para qualquer gentileza.

              O Apóstolo Paulo em sua carta endereçada originalmente aos crentes de Colossos, fala sobre a prudência com a qual devemos nos portar com os de fora. O saber da prudência envolve calma, paciência e cautela para evitar inconveniências. Temos presenciado nas relações sociais, o desrespeito e julgamentos equivocados das pessoas umas para com as outras. A era da informação tem dado voz a incautos que se apresentam como experts: rotulam comportamentos, denominam sentimentos, categorizam emoções, aprisionam a alma humana em padrões. Com um discurso antagônico, vendem a liberdade, a individualidade e a realização pessoal, entretanto, fazem manipular as pessoas para atenderem aos seus interesses de dominação.

              “A Ansiedade drena nossa energia vital, a alegria de viver plenamente. A fé é nossa maior riqueza, porque assegura vida abundante e nos conduz a uma herança eterna.”

              A analogia de Jesus em seu sermão, que estabeleceu as bases de seu ministério, trás uma abordagem que destina seus discípulos a serem sal da terra e luz do mundo. Um caminho desafiador, sobretudo, em um contexto em que seus primeiros chamados eram dominadores dos mares e acumulavam experiências em se aventurarem nas águas. Uma mudança radical de ambiente e meios, terra firme e relacionamentos interpessoais, muito diferente da precisão da navegação e da quietude dos oceanos. A caminhada com o Mestre os capacitou para a jornada: “Eu sou a luz do mundo”. O que eles aprenderam os credenciou para a tarefa.

              Devemos aproveitar as oportunidades para expressar o amor pelo qual fomos conquistados. Em um mundo cético e atribulado, precisamos estar prontos a oferecer um alimento saudável, preparado com zelo, com tempo necessário de maturação, temperado com as virtudes daquele que nos chamou do lugar de aflição para um estado de paz, que contrapõe as circunstâncias e silencia as vozes da inquietude da mente, entorpecida com sensações e carente da essência da vida. A pressa tem tirado de muitos o sabor da vida, a apreciação do que é o melhor dessa terra.  

              “Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas.” Mateus 10: 16

              M.Ce.Diniz